Tuxie McPython

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CyberX
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Tuxie McPython

Mensagem por CyberX »

É com uma ligeira tristeza que apresento a minha gaita de foles, o Tuxie McPython.

Como já disse aqui foi a ideia de fazer uma gaita de foles que originou o projecto de uma banda inteira ao longo do Grande Confinamento. Mas no final, na altura de a demonstrar em público, foi justamente a ideia inicial a estar em estado menos completo.

Este foi um projecto bastante complexo (pelo menos para mim) e que como habitualmente tentei documentar no meu blog pelo que aqui vou tentar não me alongar muito, até porque tirando um ou outro sócio ninguém vai ler o que aqui escrever, ocupados que estão em preparar os seus posts S a XL da praxe.

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Uma gaita de foles é um instrumento relativmente antigo e que evoluiu em vŕias culturas indoeuropeias incluindo a celta onde nos encaixamos com a gaita de foles trnsmontana, semelhante à galega. Mas a mais conhecida é de longe a escocesa:
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O som é gerado soprando por um palheta inserida num género de flauta (o "chanter"). Há depois outras palhetas nos "drones" que são no fundo flautas afinadas para uma nota só e tocam em contínuo "por trás" da música tocada no "chanter". E claro um "fole" que na maior parte dos casos é um saco semi-flexível encaixo entre o sovaco e o braço do gaiteiro mas que pode mesmo ser um fole semelhante aos que se usam para as lareiras.

Eu trouxe da lua-de-mel na Escócia uma gaita de foles de brinquedo, com um "chanter" funcional (mas nada afinado) e três drones falsos, só decorativos. Nunca consegui fazer mais do que sons horríveis mas há 3 anos, na preparação da Oeiras BRInCKa, como estava a fazer um valente compressor em LEGO Pneumatics para a "fonte dinâmica" que incluí no Rockódromo, lembrei-me de experimentar encher o saco da gaita com o compressor... com algum sucesso que me deixou logo ali com o bichinho:



por isso no início do Grande Confinamento decidi finalmente aventurar-me na ideia e encomendei um "chanter" de treino, já que o preço é bastante mais discreto que uma gaita de foles de treino e (dizem) o volume de som é menor.

Depois de várias experiências e pesquisas no Mr. Google optei por um balão de festa como reservatório de ar ("fole"). Consigo enchê-lo com uma bomba de ar eléctrica que funciona bem por períodos curtos mas consegui na véspera do evento queimá-la ao tentar testes mais longos (felizmente tinha duas).

Consigo também controlar o enchimento do balão com um MINDSTORMS EV3 e um sensor de pressão para EV3, com alguma dificuldade ainda já que descobri que os balões apresentam não só um comportamento não linear como também "histerese", uma propriedade interessante que aprendemos na universade e pensamos nunca mais ouvir falar. Por isso optei por deixar esta parte para outra altura e demonstrar a gaita por períodos curtos, com um balão enchido por mim previamente e que se vai esvaziando enquanto a gaita "toca".

Optei também por não ter drones. Além de aumentar ainda mais a poluição sonora reduzem-me o fluxo de ar do balão para o "chanter". Ficam para uma fase mais avançada.

Sendo tudo em Python e Linux (as armas do costume) ficou logo escolhido o nome do MOC: Tuxie McPython (o Tuxie é o pinguim-mascote do Linux).

Quando comecei usei uma ferramenta web que o Laurens Valk do projecto Pybricks me tinha apresentado, o Jupyter Notebook, que permite correr vários scripts em paralelo usando o browser como "orquestrador" para controlar vários hubs com Pybricks. É uma ferramenta poderosa mas com o evoluir do projecto Pybricks acabei por abandoná-la e usar o mesmo tipo de scripts python invocados da linha de comando do linux que usei com os restantes instrumentos da Banda.

Nesta fase, os script não produzem ainda música decente de gaita de foles:



Isto porque um ficheiro MIDI contém apenas a sequência das notas definidas pelo compositor (por exemplo Dó - Ré - Dó) enquanto que o gaiteiro quando vai tocar introduz "embelezamentos", posições de dedos intermédias que fazem com que as transições de uma nota para outra soem mais fluidas. Isso significa que algures entre o meu "processador de ficheiros MIDI" e o meu controlador dos motores dos dedos tenho de incluir uma lógica que faça estes "embelezamentos". A lógica já a tenho... mas requer um dedilhar tão rápido que não consigo implementá-lo com a minha forma de programação actual.

Nas 4 ou 5 vezes que demonstrei o Tuxie McPython no evento não usei sequer python já que o computador estava ocupado a controlar a Banda (com 5 hubs) e não tem recursos sufientes para controlar ainda mais 4 hubs. Limitei-me a encher o balão e produzir sons mexendo eu nos "dedos" do MOC:



Na versão apresentada em Oeiras o Tuxie McPython assenta em 12 "baseplates" Technic 19x11 dispostas numa grelha 4x3, para os credores isso são 76x33

As partes não-LEGO são o "chanter", a bomba de ar, algum tubo de aquário (mas há também tubo LEGO à mistura) e discos de goma-EVA colados a discos 2x2 LEGO na ponta de cada um dos oito "dedos", para se ajustar aos furos (os furos têm tamanhos variados e não arranjei nenhuma peça LEGO que os conseguisse tapar a todos de forma adequada, como podem ver no meu blog).
Jorge Pereira
«De génio, criança e louco... porquê só 1 pouco?»
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